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PODCAST 33 – Pessoa em pessoa(s) IV – Impressões do crepúsculo

outubro 19, 2020
https://umprofessorle.com.br/wp-content/uploads/2020/10/PODCAST-33-Pessoa-em-pessoas-IV-Impressoes-do-crepusculo.mp3

Neste episódio, o último dos Pessoas se enfoca, no caso, ele-mesmo, o Ortônimo. Sendo um poema menos difundido atualmente, mas de grande importância simbólica dentro do projeto pessoano, “Impressões do crepúsculo” vai estabelecer uma nova forma da construção poética. Lançará as bases práticas do Paulismo, movimento literário idealizado por Pessoa & Cia, em suas sugestões de mescla de sensações abstratas e concretas, evocando tanto o sino da aldeia, quanto os frios carnais que correm alma adentro. Além disso, nos permite observar os processos mentais de Fernando Pessoa, na busca pelos sentidos do que vê e sente e pensa.

 

***

IMPRESSÕES DO CREPÚSCULO

(Fernando Pessoa)

Ó sino da minha aldeia,

Dolente na tarde calma,

Cada tua badalada

Soa dentro da minha alma.

 

E é tão lento o teu soar,

Tão como triste da vida,

Que já a primeira pancada

Tem o som de repetida.

 

Por mais que me tanjas perto

Quando passo, sempre errante,

És para mim como um sonho.

Soas-me na alma distante.

 

A cada pancada tua

Vibrante no céu aberto,

Sinto mais longe o passado,

Sinto a saudade mais perto.

 

***

 

Pauis que roçarem ânsias pela minha alma em ouro…

Dobre longínquo d’Outros Sinos… Empalidece o louro

Trigo na cinza do poente… Corre um frio carnal por minha por minha alma…

Tão sempre a mesma, a Hora!… Balouçar de cimos de palma!…

Silêncio da parte inferior das folhas, outono delgado

D’um canto de vaga ave… Azul esquecidos em estagnado…

Ó que mudo grito de ânsia põe garras na Hora!…

Que pasmo de mim anseia por outra coisa que o que chora?…

Estendo as mãos para Além, mas no estender delas já vejo

Que não é aquilo que quero aquilo que desejo…

Címbalos de imperfeição… Ó tão antiguidade

A hora expulsa de si-Tempo!… Onda de recuo que invade

O meu abandonar-me a mim-próprio até desfalecer

E recordar tanto o eu presente que me sinto esquecer…

Fluido de auréola transparente de Foi, oco de ter-se…

O mistério sabe-me a eu ser outro… Luar sobre o não conter-se…

A sentinela é hirta, a lança que finca no chão

É mais alta que ela… P’ra que é tudo isto… Dia chão…

Trepadeiras de despropósito lambendo de Hora os aléns!

Horizontes fechando os olhos ao espaço em que são elos de erro!

Fanfarras de ópios de silêncios futuros!… Longes trens!…

Portões vistos longe, através das árvores, tão de ferro!…

 

 

 

Fernando PessoamodernismopoemaPoesiaséculo XX
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