Um aspecto muito explorado por escritores de todas as épocas é a criação de uma situação surreal para que haja um estranhamento por parte do leitor. Seres que desafiam a imaginação, sociedades utópicas, viagens no tempo ou no espaço são alguns poucos exemplos das estratégias de propor um exercício de imaginação, para rever a própria realidade sob um outro olhar.
Mas há também essas situações estranhas que rondam o cotidiano. Algo trivial que se insinua, que se impõe, revelando ao leitor não ser apenas quando monstros surgem nas histórias que acontece um deslocamento da compreensão que se tinha do mundo e de si até antes da leitura. Cada personagem vive uma situação simbólica que sugere ao leitor que encare a história e depois encare a si mesmo.
Ignácio de Loyola Brandão, novo membro da Academia Brasileira de Letras, traz vários contos de situações fantásticas: “O homem cuja orelha cresceu”, “O homem que viu o lagarto comer seu filho”, “O homem que desceu pelo cano” e “A anã pré-fabricada e seu pai, o ambicioso marretador” são alguns dos exemplos que criam estranhos universos inseridos no cotidiano. “O homem do furo na mão”, contudo, merece destaque, não por ser melhor ou mais assertivo que os anteriores, mas porque expõe a intolerância ao diferente que se pode sofrer e a que todos podem estar sujeitos. Também porque foi um dos primeiros textos que este professor leu (ainda no Ensino Fundamental) com a consciência de se estar lendo uma história.
Sem mais, vamos a ele:
O HOMEM DO FURO NA MÃO
(Ignácio de Loyola Brandão)
Há doze anos tomavam café juntos e ela o acompanhava até a porta. “Você está com um fio de cabelo branco. Ou tinge ou tira.” Ele sorriu, apanhou a maleta e saiu para tomar o ônibus. Faltavam doze para as oito, em três minutos estaria no ponto. O barbeiro estava abrindo, a vizinha lavava a calçada, o médico tirava o carro da garagem, o caminhão descarregava cervejas e refrigerantes no bar.
Estava no horário, podia caminhar tranquilo. Coçou a mão, descobriu uma leve mancha avermelhada de uns dois centímetros de diâmetro. Quando o ônibus chegou, a mão coçou de novo. Agora ardia um pouco a ele teve a impressão de que no lugar da mancha havia uma leve depressão. Como se tivesse apertado uma bolinha muito tempo, com a mão fechada.
Não tinha lugar sentado, cruzou a borboleta[1], foi até a frente, cumprimentando pessoas que não sabia o nome, mas que tomavam o elétrico na mesma hora que ele. Segurava a maleta com a mão direita, com a esquerda apoiava-se no varão do teto. Três pontos antes do final, o ônibus superlotado, ele sentiu uma comichão violenta. Não podia olhar, nem levantar a mão. Estava chegando, dava para esperar. Foi empurrado para a saída, despediu-se das pessoas, olhou a mão. No lugar da mancha tinha um buraco. De uns dois centímetros de diâmetro. Um orifício perfeito. Perfeito, como se tivesse sempre estado ali. Nascido. Passou os dedos pelas bordas, por dentro, sentindo cócegas. Assoprou por dentro. Olhou através dele, acompanhando uma aleijada que caminhava na outra calçada. Afastava a mão dos olhos, focalizava um objeto, aproximava a mão.
Ficou algum tempo distraído com isso. Quando chegou no escritório, o chefe perguntou o porquê do atraso.
– Foi por causa do furo na mão.
– Ah, é? Pois vai ter um furo de meio dia no salário deste mês. Está bem?
Não fazia mal, há quinze anos ele não tinha uma falta, um minuto descontado. Foi para a mesa, um pouco perturbado com o furo. Não triste, mas querendo saber o que podia fazer com aquilo. Passou o dia disfarçando a mão entre os papéis. Não queria que os colegas vissem. Eles não tinham furo na mão. De vez em quando soprava através do buraco, fazia barulhos estranhos com a boca. Na hora do lanche, focalizou um colega, colocando a mão sobre o olho. Na hora de bater ponto de saída, enfiou a alavanca no buraco a empurrou. Contente, sentia-se mais que os outros. A sensação começara no meio da manhã, depois que a primeira depressão desaparecera. Tinha pensado em ir ao médico, explicar o caso. Desistiu.
A mulher esperava na porta, tomando a fresca da tarde. Entraram, ele tomou banho, descansou dez minutos, como todos os dias. Foram até a sala, ele desligou a TV, a mulher ficou olhando algum tempo para a tela cinza, como se esperasse ainda ver a novela interrompida. Então, ele mostrou a mão e a mulher começou a chorar. Ela chorou e soluçou por dez minutos. Depois perguntou:
– Dói muito?
– Não dói nada.
– Foi um acidente?
– Não, apareceu no ônibus.
– Como apareceu?
– Apareceu. Não sei como.
– E se a gente reclamar da companhia de ônibus?
– Ela não tem nada com isso.
A mulher foi ao banheiro, trouxe o estojo de emergência, apanhou gaze, esparadrapo, mercúrio-cromo. Ele não deixou fazer a atadura.
– Não precisa, está cicatrizado, olhe aí.
– Não vai me andar com esse buraco por aí. O que as vizinhas vão dizer? Que não cuido de você?
– Mas eu quero que vejam. Só eu tenho esse buraco.
– É tão feio.
À noite, ele se levantou para observar o furo na mão. Deixou embaixo da torneira, com água correndo pelo meio. No dia seguinte, a mulher tentou de novo enfaixar a mão, ele não deixou. Estava orgulhoso do furo. Foi trabalhar e no fim da tarde estava um pouco decepcionado. Ninguém no escritório tinha ligado para a mão dele. Fizera de tudo em frente aos colegas. Assoara o nariz, passara o dia com a mão na testa. Ao voltar para casa, não encontrou a mulher na porta. Na mesa havia um bilhete. “Não posso viver com você enquanto esse buraco existir.” A casa vazia, ele abriu a geladeira a só encontrou manteiga, comeu com pão. Foi comprar revistas, jornais, ficou lendo, com o rádio ligado. Não ouvia o rádio, só gostava do barulho. Todas as manhãs, quando acordava, deixava o rádio aberto, ouvindo ruídos, sem estar em estação alguma. Depois, viu televisão até cair de cansaço. Dormiu na poltrona.
Do escritório telefonou para o emprego do sogro. A mulher não tinha aparecido na casa dos pais. Na hora do almoço saiu de táxi, rodando pela casa de amigos e amigas. E parentes. Nada. À noite, foi à igreja. Ela costumava ir. Passou na polícia e deu queixa. Comeu sanduíche num bar, ficou vendo televisão até cair de cansaço. Foi acordado pela empregada que vinha às quintas-feiras.
– O senhor está com um buraco na mão, vou colocar bandaide.
– Não precisa, não. Pode deixar.
– Como pode? O senhor não vai sair assim.
– Vou, não quero bandaide.
Cinco minutos depois a empregada saiu, com a bolsa, dizendo até logo, não volto mais. Ele dormiu mais um pouco. Acordou com o silêncio da casa, os cômodos na penumbra, tudo desarrumado. Gostou da desarrumação. Fez café, jogou pó no chão, molhou tudo que pôde, derrubou o lixo. Tomou banho, jogou as toalhas, molhou o chão, largou o sabonete dentro da privada. Saiu. Pela segunda vez em doze anos saía sozinho sem ninguém para acompanhá-lo até a porta, sem a sensação de estar vigiado, de ter que ir e voltar ao mesmo lugar, ter que justificar as coisas, o dia, os movimentos.
Chegou atrasado ao ponto. Quando subiu no ônibus, não conhecia ninguém. O cobrador se levantou.
– O senhor pode tomar outro carro, por favor.
– Outro carro, por quê?
– Ordem da companhia, não sei de nada.
– Que coisa ridícula. Ordem da companhia. Não vou tomar outro. Vou nesse mesmo.
– Por favor, não me arrume complicação. Desça. Os passageiros estão esperando.
Todo o ônibus olhava para ele. Sentou-se, segurando firme a maleta. Os outros passageiros começaram a descer. O cobrador foi buscar um PM. O motorista chegou até ele, olhando o furo na mão, bem visível, por cima da maleta.
– Por que o senhor não vai por bem?
– Pago minha passagem, tenho direito de andar no carro que quiser.
– Não tem nada. O senhor é que pensa.
O PM entrou, apanhou o homem com furo na mão pela gola, jogou-o fora, na calçada. A maleta abriu, os papéis espalharam. Ajoelhado, ele começou a catá-los. O povo olhando. O PM disse:
– Quando mandarem o senhor tomar outro carro, o senhor toma.
Ele pensou: estão todos combinados, não é possível, é uma brincadeira da turma comigo. Depois, ele se lembrou que não tinha turma, vivia só, ele e a mulher, às vezes ela até reclamava. Os passageiros voltaram ao ônibus. Ele se levantou, ficou encostado no ponto. Minutos depois chegou outro ônibus. Só abriu a porta da frente, alguns passageiros desceram. Bateu na porta de entrada, chutou, o cobrador colocou a cabeça para fora.
– Ei, companheiro, o que é isso. Espere chegar o outro carro.
Decidiu ir a pé. Tinha anotado os números dos ônibus, iria à companhia fazer uma reclamação. O pior é que chegaria atrasado. Quando entrou no escritório, passou rápido pelo chefe, mas este não se incomodou. Foi direto para a mesa. Havia um paletó na cadeira. Ele colocou a maleta na mesa, sentou-se. Abriu a gaveta, não a encontrou arrumada, como deixava todos os dias, no fim da tarde, os lápis selecionados por cores, os clips, borracha, papéis ordenados. Estava tudo remexido. Ouviu um “com licença”, levantou os olhos, encontrou um homem de uns trinta anos, gordo.
– O que é?
– Desculpe, esta mesa é minha.
– Sua? Desde quando?
– Me deram hoje de manhã. Era sua?
– É minha. Onde estão as minhas coisas?
– Num pacote com o chefe.
Foi até o chefe.
– O que está acontecendo?
– Nada. Por quê?
– Tem outro na minha mesa.
– A mesa é da companhia. Não é sua.
– Bom, eu ocupava aquela mesa da companhia. E agora?
– Não ocupa mais. Você não trabalha aqui.
– Por quê?
– Foi sua mão. Esse buraco é inconveniente.
A mulher tinha razão, seria preciso colocar um bandaide para esconder o furo. Mas se escondesse, ficaria sem ele. E gostava daquele buraco perfeito, um círculo exato. Talvez até inventasse um jogo qualquer, com bolas de gude atravessando a palma da mão. Era uma boa ideia, podia se apresentar na televisão.
– E o meu dinheiro? A indenização?
– Indenização? Você foi demitido por justa causa.
– Justa causa?
– É proibido ter buraco na mão. Você não sabia?
– Nunca existiu isso nos regulamentos.
– Existe. Está no Decreto Inexistente.
– Quero ver.
– É inexistente. O senhor não pode ver. Passar bem.
Pensou em procurar um advogado, correr à justiça trabalhista. Não podiam fazer aquilo, daquele jeito. Amanhã ou depois cuidaria disso. Tinha tempo. Resolveu ir ao cinema. Fazia vinte a dois anos que não ia ao cinema num dia de semana, à tarde. Comprou o bilhete no primeiro que encontrou. Nem olhou que filme era, nem os cartazes. Quando entregou ao porteiro, este perguntou:
– O senhor tem certeza de que é este o filme que quer ver?
Como ele não tinha, ficou indeciso, surpreso. O porteiro aproveitou.
– Está vendo? O senhor se enganou de filme. Se quiser, a bilheteira devolve o dinheiro.
Ele se recuperou, protestou. Era esse filme mesmo, que negócio é esse, também aqui essa brincadeira?
– Por favor, meu senhor, vá a outro cinema. Senão, perco o emprego.
– E se quero ir neste?
– Melhor não entrar. Ou sou obrigado a chamar o gerente.
– Pode chamar.
O gerente veio, acompanhado de um PM de cara amarrada.
– Por que não posso entrar no cinema?
– O senhor pode, cavalheiro. Qual é o problema?
– O porteiro disse que não posso.
– Eu não disse. Só pedi ao senhor para ir a outro cinema.
– Quero este.
(Deixa ele entrar, murmurou o gerente ao porteiro).
Ele sentou-se numa fila do meio, vazia. Atrás dele, pessoas cochicharam, se levantaram, saíram. De instante em instante, uma pessoa saía da sala. Ele não prestava atenção, apenas achava muito barulho e movimentação. Devia ser sempre assim nas sessões da tarde. Quando a fita terminou só tinha ele na sala. Resolveu fumar um cigarro. Na sala de espera, quatro PMs se dirigiram a ele.
– Quer nos acompanhar?
– Onde?
– Não tem que perguntar nada.
Quando chegaram na calçada, os PMs disseram:
– Agora, vai andando quieto, sempre em frente, sem falar com ninguém, sem olhar para os lados. Vai.
Ficou pela rua. Estranho, estar no meio daquela gente toda que se cruzava. Será que não estavam fazendo nada? Olhava vitrinas, livrarias, agências de viagens, via homens de maleta preta. A maleta? Tinha deixado no escritório. Era disso que sentia falta. A maleta na mão. Mesmo quando não precisava dela, carregava. Fazia parte dele. Agora, os braços ficavam soltos, desamparados. Sentia uma tensão, ao se ver na rua, àquela hora no meio da gente toda. Duas vezes se surpreendeu caminhando em direção ao escritório. De repente, entendeu de vez que não precisava voltar lá. O alívio foi tão grande que ele começou a suar. E se assustou um pouco. Era como se tivesse sarado de uma doença terrível, depois de ter estado à beira da morte. Ou sair de dentro da água, quando já estava se afogando. Sentia-se amedrontado, uma sensação esquisita por dentro. Culpado de estar sem o que fazer, livre, andando para onde queria. Tudo por causa do buraco. Olhou as pessoas através dele. O gesto de levar a palma da mão à frente do olho estava se tornando um tique.
Andou, descontraído. Sentindo-se mais leve a cada hora que passava. Muito tarde da noite (não precisava voltar para casa; atravessara como que flutuando as seis, sete, oito horas; quase pegou o ônibus, lembrou-se a tempo, ficou vagando pela cidade, vendo a noite cair, o movimento diminuir, as pessoas mudarem nas ruas). Sentou-se num banco da praça, olhando a mão. Gostava ainda mais do furo.
– O senhor quer sair deste banco?
Era um homem de farda abóbora, distintivo no peito: Fiscalização de Parques e Jardins.
– O que tem este banco?
– Não pode sentar nele.
Ele mudou para o banco ao lado, o homem seguiu.
– Nem neste.
– Em qual então?
– Em nenhum.
– Olhe quanta gente sentada.
– Eles não têm buraco na mão.
– Daqui não saio.
O homem enfiou a mão embaixo da túnica, tirou um cacetete, deu uma pancada na cabeça dele. As pessoas se aproximaram, enquanto ele cambaleava.
– Socorro, disse, com a voz fraca, amparando-se num velhote. O velhote se afastou, ele caiu no chão, a cabeça latejando terrivelmente.
– Por que fez isso?
– Pedi para não sentar, o senhor teimou. Agora, saia da praça.
– Saia, saia, gritavam as pessoas em volta.
Andou, sem se incomodar com o povo, o fiscal. Passou a mão na cabeça, sangrava. Num bar, pediu um copo de água gelada, jogou na cabeça. Decidiu que não iria para casa. Talvez passasse por uma delegacia para dar queixa, abrir um Processo contra o fiscal. Embaixo de um viaduto, sentou-se. Vagabundos (seriam vagabundos?) tinham acendido uma fogueira. Acordou, o sol nascendo, levantou-se rápido. De pé, lembrou-se que não precisava ir ao emprego, ir a lugar nenhum. Sentou-se de novo, vendo os vagabundos (seriam vagabundos?) tomarem o que parecia café. Aproximou-se. Um deles estendeu uma lata. Quando olhou a mão do homem, viu nela um orifício de uns dois centímetros de diâmetro que atravessava da palma às costas. Então, ele também mostrou a mão. O homem não disse nada. Ele tomou o café. Ralo, de pó catado nos lixos dos bares, já tinha passado uma ou duas vezes pelo coador. Serviu para assentar o estômago.
—
[1] catraca do ônibus.
***
O conto, publicado numa coletânea de 1998, apresenta a situação inicial inusitada (o surgimento do furo na mão de um homem comum) e vai seguindo as etapas, como se fossem estações até o destino final: a casa, o trabalho, o ônibus, o cinema, o parque, o viaduto. E cada uma constrói-se como um nível de intolerância com o homem, pelo fato de ter um furo na mão. A mulher queria esconder a falha (a empregada também). O chefe opta por livrar-se do problema, demitindo-o. A polícia e o fiscal o expulsam, por incomodar os demais – ele nada faz de incômodo aos outros, mas a mera presença já causa esse incômodo. Os outros moradores do viaduto, à margem da sociedade como ele, são os únicos que lhe estendem a mão (também com furos).
A alegoria se formula entre dois movimentos: o movimento do Eu para o Eu e o movimento do Outro para o Eu. O primeiro é a relação que o homem tem com o furo que se forma em sua mão. Se no primeiro momento ele estranha, em seguida compreende que aquilo agora é parte (ou ausência) de si. Aí brinca de deixar passar água pelo furo, usa como uma espécie de lente para ver o mundo de uma forma única – e até se torna um tique, pensa em inventar jogos e brincadeiras, enfim, está “em paz” com o furo inusitado. E experimenta uma liberdade nunca antes sentida, como se a rotina que tinha fosse uma prisão que agora se dissipou.
Agindo sobre ele, contudo, está o segundo movimento, por várias frentes. Os outros não compreendem o homem, pois ele é diferente. A mulher quer esconder o defeito de todos. O chefe inventa pretextos (o Decreto Inexistente) para poder demiti-lo. As pessoas do ônibus, do cinema e do parque olham para ele, mas quase como se não o enxergassem. A polícia, pela força e pela violência, busca removê-lo dos lugares, deixá-lo à margem, ou seja, marginalizá-lo.
E nesse ponto, o final do conto, unem-se os movimentos. Ele se encontra com os outros marginalizados, embaixo do viaduto, todos com furos na mão também. Interessante notar que o narrador os chama duas vezes de vagabundos e logo acrescenta “(seriam vagabundos?)”. Com isso, aponta-se a mentalidade de que “vagabundo” sempre é o Outro, nunca o Eu. O homem, na situação em que estava, olhou para os marginalizados inicialmente ainda com o mesmo olhar de todos os que o haviam discriminado até ali. Quando nota que ele é igual aos homens que discrimina, há essa quebra e esse acolhimento, sem palavras e com ações de igualdade.
A história é simples, ágil e interessante. O assunto, mesmo alegórico, sempre atual.
Parabéns a Ignácio de Loyola Brandão por ser o novo imortal da Academia Brasileira de Letras!
Tudo de bom e coisarada!
E pronto!
por Saulo Gomes Thimoteo
6 Comments
Leitura muito interessante!
Puxa! Que conto incrível! Adorei conhecer. Obrigada por tê-lo apresentado a mim.
Isso nos mostra que, para ser discriminado, basta ser diferente . Não se trata simplesmente de cor, raça ou condições sociais e sim apresentarmos uma simples diferença. A alguns dias atrás, víamos pessoas se afastarem de alguém que usasse máscara ou desse um espirro! Hoje, afastam-se de alguém que apareça sem a tal máscara. Isso me faz crer que a discriminação social e algo sem limites.
Isso só nos faz crer que a discriminação está em muitas citações e não só em classes sócias , raças , cores , ou crenças … Vejamos os casos de uso ou não das máscaras .
Quantos homens com furos nas mãos passam por nós todos os dias? Quantas vezes desviamos o olhar buscando evitar vê-los? Nos esquecemos que um homem teve a mão perfurada por pregos há dois mil anos e como um homem com o furo na mão também foi desprezado.
É uma boa leitura. Mas Ignácio de Loyola Brandão humaniza o símbolo de Cristo, associando o furo na mão a personagens triviais, em ações triviais e ao insólito da situação. Ele também faz isso no romance Não verás país nenhum, que parece até ser uma “continuação” do conto do “Homem com um furo na mão”. Mais do que o desprezo, o que se denuncia no conto é a humilhação e a execração do “diferente”, tratando-o como alguém a se expulsar do convívio dito “normal”…