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PODCAST 27 – A Mensagem de Fernando Pessoa II – Mar português

setembro 7, 2020
https://umprofessorle.com.br/wp-content/uploads/2020/09/PODCAST-27-A-Mensagem-de-Fernando-Pessoa-II-Mar-português.mp3

Neste episódio, dando sequência ao podcast anterior sobre a primeira parte da obra Mensagem, de Fernando Pessoa, desbravaremos o “Mar português”, em que se delineia a ascensão do Império de Portugal sobre os mares e seu posterior declínio, na figura da morte de D. Sebastião. Num jogo astrológico e simbólico de nascimento, morte e ressurreição, Pessoa cria doze poemas, em associação sugestiva com os doze signos do zodíaco.

***

Os poemas dessa parte que são lidos na íntegra são os abaixo. Para a obra completa, acesse o link

 

IV –  O MOSTRENGO

O mostrengo que está no fim do mar

Na noite de breu ergueu-se a voar;

À roda da nau voou três vezes,

Voou três vezes a chiar,

E disse: «Quem é que ousou entrar

Nas minhas cavernas que não desvendo,

Meus tectos negros do fim do mundo?»

E o homem do leme disse, tremendo:

«El-Rei D. João Segundo!»

 

«De quem são as velas onde me roço?

De quem as quilhas que vejo e ouço?»

Disse o mostrengo, e rodou três vezes,

Três vezes rodou imundo e grosso,

«Quem vem poder o que só eu posso,

Que moro onde nunca ninguém me visse

E escorro os medos do mar sem fundo?»

E o homem do leme tremeu, e disse:

«El-Rei D. João Segundo!»

 

Três vezes do leme as mãos ergueu,

Três vezes ao leme as reprendeu,

E disse no fim de tremer três vezes:

«Aqui ao leme sou mais do que eu:

Sou um Povo que quer o mar que é teu;

E mais que o mostrengo, que me a alma teme

E roda nas trevas do fim do mundo;

Manda a vontade, que me ata ao leme,

De El-Rei D. João Segundo!»

 

V – EPITÁFIO DE BARTOLOMEU DIAS

Jaz aqui, na pequena praia extrema,

O Capitão do Fim. Dobrado o Assombro,

O mar é o mesmo: já ninguém o tema!

Atlas, mostra alto o mundo no seu ombro.

 

X –    MAR PORTUGUÊS

Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando PessoaMensagemmodernismopoemaPoesiaPortugalséculo XX
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