QUARENTA DIAS
(Maria Valéria Rezende)
Maria Valéria Rezende escreveu o livro Quarenta dias, publicado em 2014, vencedor do Premio Jabuti de 2015 como melhor romance da 57ª edição. O romance Quarenta dias intertextualiza com a protagonista de Alice no país das maravilhas de Lewis Carroll e do livro Pollyanna Mulher escrito por Eleanor H. Poter, apresenta citações da Bíblia Sagrada. Também nos remete a um ícone do consumo infantil a boneca Barbie.
Quarenta dias é a história de Alice, uma professora de língua Francesa, do interior da Paraíba. Mãe de Aldenora, Norinha, e esposa de Aldenor que some em plena ditadura. No início da narrativa, ela se auto intitula professora Poli, uma menção à personagem da obra escrita por Eleanor H. Porter, fazendo o jogo da contente como a protagonista desta história. Aceita viver modestamente com seu trabalho, seus amigos e suas duas pensões suficientes para uma pessoa simples e solitária, habituada à vida pacata de cidade pequena. No entanto, a rotina dela é quebrada pela visita de sua filha Norinha, que traz uma novidade, queria ser mãe e para isso precisaria da ajuda de Alice na criação do filho. Por mais que argumentasse com a filha e com todos os seus familiares sobre o desejo de continuar sua vida simples, foi vencida pelo cansaço e o desânimo de lutar contra a imposição familiar.
Assim, a paraibana muda-se para Porto Alegre onde reside sua filha e genro. No apartamento, que mais parece um jogo de xadrez, ela se perde em meio a um labirinto de memórias, e passa a registrar seu dia a dia em um caderno no qual a capa era estampada pela personagem Barbie. Passados alguns dias, Norinha comunica à mãe que ela e o marido passariam de seis a oito meses na Europa, para fazer uma pesquisa, pois Humberto, seu marido, ganhara uma bolsa de estudo para cursar um pós-doutorado.
Ao se ver sozinha e em uma cidade desconhecida, a professora Poli desaparece e surge a criança Alice encolhida com medo da fria cidade. A partir daí, Alice viajará pelas ruas de Porto Alegre atrás de um rapaz desaparecido, filho de uma conhecida que morava na Paraíba.
Nesse itinerário vagará por um mundo completamente diferente do seu, perambula por quarenta dias pelas ruas da cidade à procura de Cícero Araújo, uma espécie de coelho branco. Esse caminho levará Alice a um mergulho em busca de sua identidade cuja única interlocutora é a boneca Barbie, que funciona como alter-ego de Alice.
REZENDE, Maria Valéria, Quarenta Dias, 1ª Edição, Rio de Janeiro: Objetiva, 2014
Por Níncia Teixeira
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